INFORME FUI
O distrito de Setúbal é um dos 18 distritos existentes em Portugal. Ao sul de Lisboa, essa área está recheada de marcos históricos integrados à uma paisagem deslumbrante. Do “outro lado do rio”, tomando em conta estarmos em Lisboa, atravessando a Ponte 25 de Abril, a imagem do Cristo Rei em Almada (ver artigo Informe Fui, Lisboa (2), dá as boas vindas ao belo território dessa grande península. E na ponta dessa península, no Cabo Espichel, avista-se uma igreja. Seria uma igreja qualquer se não estivesse num cenário espetacular. Um promontório elevado a mais de 130 metros do mar! E seria um templo religioso que outro qualquer, se não tivesse a estória da estátua de Nossa Senhora ter aparecido em lugar tão remoto em 1410. A Nossa Senhora , pois então do Cabo, ganhou uma ermida tão singela como bela, a Ermida da Memória. Mais tarde se ergue a igreja. À vastidão do terreiro aberto frente à igreja é composto por arcos formando dois corredores laterais ao templo. Ali se alojavam os peregrinos que logo foram reverenciar à virgem santa. A água para abastecer o lugar era conduzida por um aqueduto dando na Casa da Água. O conjunto é por assim dizer, amparado por um dos faróis que tornou a conhecida como “costa negra” do século XVIII, em um ponto iluminado de terra, para ajudar nas muitas rotas marítimas e navios que por ali passavam. Outro destino desse distrito é Sesimbra. Ainda desde a perspectiva do alto da estrada, apenas se intui o que de fato é esse lugar. Um lugar de belas praias em uma vila de antigas tradições de pesca. O Castelo de Sesimbra ou dos Mouros (foi construído por esses no século IX) como também é conhecido, ainda reina no topo da vila, com sua grande muralha. Descendo a encosta, um emaranhado de ruas escoam pessoas e carros às praias, aonde no verão a única dúvida em questão é se estendem a toalha na praia do Ouro ou da California! No meio, a Fortaleza de Santiago lembra que é hora do almoço. Deixo o “Tap House” como sugestão. O lugar está abrigado no Forte, com uma linda vista e uma “sopa do mar” deliciosa. Depois do almoço, uma visita ao premiado Museu Marítimo mesmo ao lado, ainda dentro do Forte de Santiago. Muito bem documentado, dá uma visão dos métodos de pesca, história e evolução. Andando pela vila, vê-se muitos grafites nos muros e casas, colorindo e trazendo essa arte tão contemporânea ao lugar que um dia, no reinado de D. Dinis, no século XIII, recebeu o título de “Póvoa de Ribeira de Sesimbra“, pequena aldeia de pescadores junto ao mar... Ao longo Serra da Arrábida, uma vertiginosa estrada mostra e esconde um litoral belíssimo. A sorte está em encontrar pequenos recuos onde estacionar o carro para se encantar com uma paisagem de tirar o fôlego! O mar azul e esverdeado, as pequenas praias em enseadas de areias brancas, o verde do parque nacional que nos encontramos...uma beleza envolvente! |
Fotos: Angela Güzey
Azeitão é o próximo destino. O aumentativo do nome, só aumenta(!) a curiosidade pelo lugar. Em Azeitão estão duas das mais famosas quintas de vinhos: a tradicional José Maria da Fonseca e a Quinta da Bacalhoa. Na primeira, o Periquita é o vinho mais conhecido dos brasileiros. E na Bacalhoa , uma portentosa empresa, chama a atenção a capacidade de produção, o número de castas e rótulos. Em ambas são feitas visitas guiadas com marcação prévia. Mas nem só de grandes empresas é feita a graciosa cidade. Pequenos produtores de vinho e a fabricação de queijos e doces, fazem de Azeitão um passeio imprescindível. Palmela tem uma história antiquíssima. Há achados arqueológicos da época dos visigodos. A vila tem seus encantos escondidos nas ruelas estreitas, buganvílias frondosas e a tranquilidade de mais um lugar desse Portugal. Por fim, Setúbal, a capital de tudo isso. Uma cidade que reúne dinamismo mas também aquele ar provinciano de vila antiga. Tão perto de Lisboa, pouco mais de 30km, a cidade é famosa pela uva moscatel que aparece de diversas formas em vinhos geralmente adocicados. Outro atrativo são os peixes que podem ser encontrados nos inúmeros restaurantes espalhados pela cidade. Mas é na junção do Rio Sado e o mar, que encontramos a cidade. A vista é para essa água azul esverdeada, que chama seu olhar. Se quiser, pode atravessar (ferry ou barco) em direção à Troia, uma fina península de areias brancas do “outro lado”, pertencente ao Alentejo. ANGELA GÜZEY - é psicóloga por vocação, e viajante e fotógrafa por paixão -
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